quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Projeto com filmes e Produção Textual com os temas antibullying, alteridade, empatia, amizade e respeito às diferenças

AUTORA: Lourdes Vanessa 
(professora e pesquisadora, 
com formação em Letras, 
História e Pedagogia)

Projeto com filmes e Produção Textual  com os temas antibullying, alteridade, empatia, amizade e respeito às diferenças





PROJETO “ MINHA QUERIDA ANNE FRANK”

Por Lourdes Vanessa 

 “O diário de Anne Frank” é um dos livros mais conhecidos mundialmente e narra a poderosa história de uma adolescente judia na Amsterdã ocupada pelos Nazistas durante a Segunda Guerra Mundial que teve seus dias abscindidos prematuramente em um Campo de Concentração. Seus pensamentos narrados nesse diário soam ainda atuais em muitos níveis nos dias de hoje. Na nossa área da Educação de crianças e adolescentes é uma excelente ferramenta para se trabalhar, além do conteúdo Histórico importante, as questões de alteridade, preconceito, diversidade cultural, direitos humanos, inclusão social, responsabilidade e um notável incentivo antibullying. Este projeto faz a junção da narração do diário dessa encantadora menina no filme “Minha querida Anne Frank” com o também impressionante e verídico “Escritores da Liberdade” em que uma professora usa a obra póstuma da adolescente judia para aproximar-se de seus alunos de uma conturbada periferia norte-americana. Além de fechar com chave de ouro ao apresentar o filme “A menina que roubava livros”, uma visão por um outro ângulo da Segunda Guerra, no entanto, com o mesmo sofrimento juvenil na figura de uma pequena alemã de cabelos claros forçosamente separada da mãe e enfrentando a penúria da vida civil alemã, levando-se à conclusão de que a situação bélica não é vantajosa para ninguém. As mesmas obras poderão ser trabalhadas nos respectivos livros publicados que inspiraram os filmes utilizados nesse projeto.

1.     Justificativa:

 O enfoque do projeto será proporcionar ao estudante a oportunidade de reflexão sobre suas atitudes e trabalhar a humanização e aceitação das diferenças nos relacionamentos interpessoais. A cada dia perceb semos nas relações humanas na atualidade desentendimentos por causa de julgamentos precipitados, preconceitos e discriminações. Mas também há na atualidade uma corrente muito forte de combate a essa falta de tolerância e o incentivo ao respeito da diversidade, principalmente nas redes sociais e nos meios de comunicação. Nossos alunos estão inseridos na realidade estigmatizadora e segregadora, mas também são o principal alvo dessa campanha pela aceitação das diferenças na mídia televisiva e no mundo virtual.
Assim faz-se necessário o olhar da escola sobre essa realidade, apoiando e orientando os alunos, ultrapassando a fronteira do conteúdo intelectual desvinculado da inteligência emocional e social. Essa atenção vem complementar o conteúdo formal, levando em conta o universo psíquico do indivíduo em fase de aprendizagem.
Na atualidade, não basta apenas a percepção da influência da realidade social e familiar do aluno como influenciadora da aprendizagem, mas também incluir em sua educação escolar instrumentos que possibilitem à criança ou jovem refletir e lidar com seus conflitos e desafios  advindos do seu meio externo (família, comunidade, situação financeira, etc.) ou interno (frustrações, dúvidas, inseguranças, etc.) . Esses instrumentos desenvolvem-se a partir do estímulo ao pensamento, à reflexão. Isso relaciona-se à relevância do papel da escola em não só formar o cidadão crítico, mas ainda o sujeito consciente e preparado para assumir sua responsabilidade na formação de uma sociedade mais justa e igualitária.


 2. Tema: alteridade, empatia, antibullying, aceitação das diferenças, inclusão.


3. Objetivo geral:

Procura-se chegar à conscientização da comunidade escolar sobre a  importância de se atentar ao respeito à diversidade e incentivá-lo por meio do despertar nos alunos a reflexão sobre si mesmo e o outro. Com isso, estimula-se o reforço da autoestima e autoaceitação que reflete também na estima e aceitação do próximo. Esses são importantes conceitos do combate ao bullying na escola e que promoverá uma atuação segura dos alunos em seus projetos de vida e melhor preparo para a atuação na sociedade como um conjunto com os demais, respeitando as divergências.


4. Objetivos específicos:

Conscientizar o aluno de que sua individualidade é valiosa e deve ser respeitada assim como se deve valorizar e respeitar a do outro;
- Levar o aluno a identificar as situações de depreciação de si mesmo ou do próximo no seu ambiente comum na escola, refletindo sobre meios de combatê-la e trabalhar a autoestima de todos;
- Incutir no aluno o desejo de fruir de um ambiente harmonioso e gentil, levando-o à percepção de como isso contribui para seu bem estar;
- Desenvolver a afetividade e sentimento de alteridade nos alunos;;
- Levar o aluno a colocar-se no lugar do outro para saber analisar diferentes pontos de vista;
- Levar o aluno refletir sobre o “conceito de preconceito”, como ideias pré-concebidas sem embasamento lógico ou científico;
- Levar o aluno a perceber e combater casos de discriminação em seu dia a dia escolar e na comunidade;
- Incentivar o aluno a utilizar do diálogo e gentileza como ferramentas essenciais para a convivência social.


5. Procedimentos adotados (etapas) e prazos de execução:
Metodologia dos procedimentos adotados:

- Para inserir os conceitos básicos ..... O projeto terá início com a leitura comentada, nos primeiros minutos das aulas de língua portuguesa do 1º bimestre, de capítulos selecionados do livro “Diário de Anne Frank”, visando contextualizar a história e o contexto de vivência da personagem relacionando ao tema proposto e os conceitos básicos ligados a ele, como empatia, amizade, preconceito, discriminação e justiça, bem como levar o aluno a conhecer o contexto da Segunda Guerra Mundial em relação à perseguição aos judeus, seu confinamento em campos de concentração e os processos que levaram ao Holocausto.
- Os alunos serão incentivados a comentar e opinar durante a leitura, sendo promovido o debate e reflexão .
- A intertextualidade será importante para ampliar esse horizonte reflexivo, assim, num segundo momento, haverá a visualização quinzenal de filmes cujo conteúdo apresente ligação com o tema do projeto.
 - Para instigar o pensamento crítico, Os alunos prepararão textos e resenhas sobre os filmes, em que poderão expor organizadamente sua visão pessoal.
- No filme “Minha querida Anne Frank” será abordada a história do livro trabalhado em sala e aprofundada as reflexões, verificando se o aluno alcançou a empatia com as situações vividas pela personagem, se conseguiram criar um paralelo entre a realidade retratada na obra com seu próprio cotidiano; para tanto, como mediadora desse processo,  a professora os incentivará a comentar, avaliar, criticar, sugerir e perguntar a partir dos fatos assistidos na tela.
- No filme “A menina que roubava livros” será enfatizado o contato com um novo ponto de vista sobre os sofrimentos no mesmo contexto da Segunda Guerra, dessa vez atingindo uma criança não judia para levar os alunos à possibilidade de concluírem que etnias, nacionalidades, características físicas, diferenças sociais, etc. são secundárias e que as pessoas podem passar por situaçôes semelhantes e o que as identifica como parte da mesma humanidade  se trata da identificação de traços comuns que dependem da emoção, dos sentimentos, do caráter, como os  relacionamentos de amizade e familiares. 
- No filme “Escritores da Liberdade” será possível um contato com uma realidade mais atual e conhecida para os alunos, pois se trata de uma história real cujos personagens são uma professora e seus alunos de uma periferia norteamericana onde convivem descendentes de imigrantes negros, hispânicos, asiáticos em constante conflito por suas diferenças étnicas e sociais. A professora faz uso do livro “O Diário de Anne Frank” para criar uma identificação coletiva de seus alunos com a personagem histórica e assim os une, apesar de suas diferenças citadas, criando laços afetivos amistosos entre eles e a esperança que os impulsiona para reverterem seus “destinos” por meio do estudo. Dessa vez, será explorado o debate entre os alunos sobre a possibilidade de aceitação do outro por meio da empatia, da aceitação de si mesmo pelo reforço da autoestima, da autocrítica saudável que nos leva a evoluir e da esperança de existir essa evolução.
- Como trabalho optativo, será proposta a alternativa de os alunos elaborarem diários pessoais como no filme “Escritores da Liberdade” visualizado em sala e inspirado no livro de mesmo nome que é uma coletânea dos diários escritos pelos personagens reais.
- Os trabalhos de resenhas, dissertações e confecção de diários serão utilizados como avaliação da disciplina de Língua Portuguesa e servirão como estímulo para o desenvolvimento da leitura, interpretação e escrita dos alunos.
- Os debates e participação oral dos alunos também serão consideradas como avaliações e servirão para estabelecer vínculos entre os alunos, entre suas realidades e as retratadas nas obras estudadas, bem como a conscientização sobre a importância de um ambiente harmonioso e do uso da tolerância e gentileza para seu desenvolvimento pessoal e como cidadão.
 - Promover o reforço positivo das ações saudáveis dos alunos no ambiente escolar, na convivência com os colegas/professores/funcionários e no seu desempenho e esforço nas atividades pedagógicas como sendo os instrumentos para sua evolução e futuro;


PLANO DE AÇÃO:

- Nos 10 minutos iniciais de cada aula de Língua Portuguesa: Leitura para os alunos de capítulos selecionados do livro “Diário de Anne Frank”, em que a personagem autobiográfica relata sua vida como adolescente “normal” na Europa da década de 40, com sua rotina escolar, seus sonhos, amigos e passeios, bem como a transformação desse cotidiano devido à brutalidade e ao preconceito com a perseguição nazistas aos judeus nesse período.
- Incentivar os alunos em algum momento da leitura a participar com reflexões, opiniões e conclusões sobre os fatos lidos, traçando paralelo das situações dos judeus com situações semelhantes na História mundial e do Brasil, nas notícias de jornais escritos ou televisivos e mesmo no cotidiano dos alunos.
- Criar, por meio da identificação dos alunos com a personagem Anne Frank, o hábito de colocar-se no lugar do outro para avaliar as situações com empatia e respeito, antes de simplesmente julgar sem análise do contexto;
 - Trabalho de análise de um filme quinzenalmente:
Filme 1: Visualização do filme “Minha querida Anne Frank”, com análise das situações e dos sentimentos mostrados  na obra com a produção de uma resenha crítica ;
 Filme 2: Visualização do filme “A menina que roubava livros”, com análise das situações e dos sentimentos mostrados  na obra com a produção de uma comparação entre os filmes, conhecendo a história de uma criança não-judia durante o mesmo contexto e época de Anne, para ampliar os ângulos de análise e conhecer a situação das pessoas durante a Segunda Guerra Mundial na Europa por um outro ponto de vista;
 -  Estimular o debate entre os alunos sobre as causas do sofrimento das personagens infantis em ambos filmes relacionadas ao preconceito, a discriminação e aos interesses dos da Guerra, mantendo-os conscientes da importância dessa reflexão para se evitar que semelhantes situações sejam repetidas mesmo que em menor escala no nosso dia a dia.
- Produção de texto dissertativo pelos alunos posicionando-se sobre os assuntos tratados nas aulas;
- Exposição das resenhas e textos produzidos para que os alunos possam conhecer as opiniões dos colegas, incentivando ainda mais as suas reflexões.
- Colocar à disposição para empréstimo aos alunos que desejem ler em casa os livros “Diário de Anne Frank” e “A menina que roubava livros”;
Filme 3: Visualização do filme “Escritores da Liberdade”, que relata a história de uma professora que utiliza  a obra “O Diário de Anne Frank” para criar a identificação e empatia de uma sala de aula de alunos considerados “problemáticos” pelos outros professores e a direção da escola, levando-os a identificar as situações vividas pela personagem com o seu cotidiano na periferia com vivências de segregações, violência, preconceito, participação de jovens em gangues e crimes, levando-os a uma transformação positiva de sua realidade. O filme é baseado em uma história real descrita em um livro baseado nos diários desses alunos com inspiração no diário de Anne Frank.
- Incentivo à produção pelos alunos de um diário inspirado na obra de Anne Frank e nos diários dos alunos do filme “Escritores da Liberdade”.

Prazo: Um semestre, com avaliações bimestrais da evolução e efetividade do projeto por meio da participação e produção dos alunos.


6. Recursos utilizados (humanos e materiais):

Material permanente ou de consumo da escola e recursos tecnológicos disponíveis na unidade escolar, como TV, DVD, Datashow, etc.



7. Avaliação:

A efetividade das ações do projeto serão  avaliadas bimestralmente mediante a observação das atitudes dos alunos perante os colegas , da participação nos debates promovidos a partir das obras analisadas em sala e pelas produções textuais dos alunos com base no tema abordado.

8. Referências bibliográficas:

ARROYO, M. G. Entre disciplinar e educar para a liberdade. IN Presença Pedagógica. v. 15, nº86, mar/abr. 2009.
ANDRADE, M. Educação pela Paz. IN Presença Pedagógica. V.14, nº 81, mai./jun. 2008.
ANDRADE, M. ; GUERRA, R. Pedagogia da Comunidade. IN Presença Pedagógica. V. 14, nº84, nov./dez. 2008.
CURY, A. A fascinante construção do Eu. São Paulo: Planeta ,2011.
_______ . Armadilhas da mente. São Paulo: Arqueiro, 2013.
_______ . Inteligência multifocal. São Paulo: Cultrix, 1999.
_______ . O código da Inteligência. Rio de Janeiro: Ediouro, 2008.
FRANK, A. O diário de Anne Frank. Rio de Janeiro: Bestbolso, 2017.
FREIRE. Paulo. A educação na cidade. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 1991.
_______. À sombra desta mangueira. 2ª ed. São Paulo: Olho dágua, 1995.
_______. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 15ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
_______. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido, 9ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.
_______. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: Ed. UNESP, 2000b.
_______. Pedagogia do oprimido. 12ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
_______. Política e educação. 7ª ed. São Paulo: Cortez, 2003.
_______. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho D'Água, 1997.



Crédito da imagem: By Unknown photographer; Collectie Anne Frank Stichting Amsterdam - Website Anne Frank Stichting, Amsterdam, Public Domain, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=43555059

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